sábado, 12 de setembro de 2009

Pesquisas, Resultados, Etica e Responsabilidades

Essa semana que passou, eu participei de um evento organizado pelos grupos PET da PUCRS e UFRGS intitulado 6º entcontro com a Psicologia - praticando a teoria, teorizando a pratica. A meu ver, foi um grande evento, com otimas oficinas e mini cursos (pelo menos os que eu participei) e com dois debates muito interessantes. Porém na ultima mesa redonda do evento houve um assunto que me deixou bastante perplexo.
Vamos do inicio, nesta mesa redonda houve a presença de tres professores: Renato Flores, Pedrinho Guareschi e Cleci Maraschin. Bom, até ai tudo bem, eles fizeram suas apresentações por power point (levantando assuntos polemicos, por exemplo a questão de não termos livre arbitrio por causa de nossos genes e tudo mais (Renato)). O problema foi a discução após as apresentações.

Bom, para quem não sabe, a algum tempo atras, Renato Zamora Flores em conjunto com outros pesquisadores da UFRGS e da PUCRS tentaram fazer uma pesquisa para comprovar que há alterações estruturais nos cerebros de menores infratores. Para tanto iria usar jovens internados na FASE (antiga FEBEM) e um grupo controle de jovens que não possuiam incidentes criminais.

Bom, o projeto não passou pelo conselho de etica (ou por algum outro orgão) e não saiu do papel, porém hoje ele veio a tona, o que criou um desconforto muito grande nos presentes ao evento, mas também me levantou questões que eu vou expor aqui.

Primeiramente, uma coisa que me deixou bastante chocado foi uma coisa que Renato falou em resposta a uma das perguntas que se referia ao objetivos dos resultados da pesquisa. Bom é um fato que hoje não há um tratamento eficiente para o transtorno de personalidade anti-social, porém o que me chocou foi ele dizer que o que seria feito com os resultados não estava mais no campo dele, e sim no nosso (psicologia), que nos deveriamos, a partir dos resultados desenvolver novas tecnicas, mas isso é um absurdo. Vou explicar porque:

A criação de uma maneira de ver se as pessoas são ou não anti-sociais de maneira estrutural no cerebro seria uma revolução diagnostica, sem sombra de duvida, porém esse professor não se da conta das implicações a médio prazo que isso pode acarretar. Por exeplo, ele disse que fica muito "chateado" ao ser comparado a um neonazista por causa da pesquisa, porém se pensarmos bem, a questão não é se ele é ou não, mas digamos que alguem com uns parafusos a menos resolva usar dos resultados da pesquisa para criar um programa de eliminação dos individuos com traços anti socias. Parece loucura? mas não é tanta assim, pense bem, não é incomum pessoas desqualificadas entrarem em governos (vide Hitler) e com uma pesquisa dessas em mãos, ele pode querer fazer em toda criança em idade escolar esse teste e sabe-se lá o que fazer com as que possuirem o traço.

Isso já aconteceu antes, Darwin pensou na evolução, e não há como negar que essas ideias influenciaram os pesquisadores que subsidiaram o holocausto. Foi culpa de Darwin? Não, claro que não, mas as vezes, e principalmente nos dias de hoje, devemos pensar nos motivos de certas pesquisas, afinal, para que será usado os resultados delas? ou melhor, você vai assumir a responsabilidade depois?

(olhem o filme Gataca e talvez vocês tenham uma ideia do meu maior medo)

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